ESTUDO:

Desigualdade e câncer no Brasil, investimento, capacidade instalada, capacitação profissional e desenvolvimento social: Uma análise comparativa dos fatores relacionados aos diferentes desfechos por câncer nos 26 estados e o Distrito Federal do país *

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Introdução:

A incidência e mortalidade por câncer vem aumentando em todo o mundo e tem causa multifatorial. Estas variáveis são influenciadas por fatores como envelhecimento populacional, hábitos de vida e qualidade e acesso ao sistema de saúde. O presente estudo avaliou o impacto e discrepâncias das variáveis socioeconômicas, assistenciais, capacidade médica instalada, educacionais na incidência, mortalidade e letalidade por câncer nos 26 estados e Distrito Federal do Brasil.

Método:

Os dados foram extraídos dos bancos de dados do IBGE, INCA e Ministério da Saúde. As variáveis selecionadas foram o índice de desenvolvimento humano (IDH), índice de Gini, taxa de envelhecimento, % da população pobre, número de leitos por mil habitantes e % da população que possui plano de saúde privado. Estes dados foram correlacionados com as taxas de incidência, mortalidade e coeficiente de mortalidade/incidência (letalidade) por todas as neoplasias combinadas, câncer de próstata, mama, pulmão e linfoma não-Hodgkin. Foram realizados testes de normalidade e teste de correlação de Pearson para variáveis normais e correlação de Spearman para variáveis não normais.

Resultados:

Em relação às variáveis de desenvolvimento e desigualdade social observa-se correlação em praticamente todas as doenças analisadas com incidência, mortalidade e letalidade. Quanto maior o desenvolvimento humano, quanto mais idosa é a população, quanto menor a desigualdade social, maior é a incidência (ρ= 0,749, p <0,001) e mortalidade (ρ= 0,602, p <0,001) por câncer. No entanto a letalidade por câncer é menor nestes casos (ρ= -0,783, p <0,001), indicando um melhor desfecho de tratamento depois de um diagnóstico por câncer. A mesma correlação é observada em relação ao numero de leitos hospitalares por mil habitantes (ρ= -0,499, p <0,01) e % da população com plano de saúde privado (ρ= -0,736, p <0,001). Correlação inversa observa-se com o % de pobres na população, quanto maior o percentual de pobres, menor é a incidência (ρ= -0,824, p <0,001) e mortalidade (ρ= -0,686, p <0,001) por câncer, porém maior é a letalidade da doença (ρ= 0,825, p <0,001).

Conclusão:

Os indicadores de incidência, mortalidade e letalidade por câncer são extremamente variáveis nos estados no Brasil. Existe forte associação de piores resultados de tratamento em estados com menor desenvolvimento humano, maior desigualdade social e menor capacidade médica instalada.

Para acessar a tabela com os resultados de todas as correlações  Clique aqui.

Referências Bibliográficas:

Global Burden of Disease Cancer Collaboration Global, et al. Regional, and National Cancer Incidence, Mortality, Years of Life Lost, Years Lived With Disability, and Disability-Adjusted Life-Years for 29 Cancer Groups, 1990 to 2017: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study. JAMA Oncol. 2019; 3(4):524-548. doi: 10.1001/jamaoncol.2019.2996.

Ades F, Senterre C, Azambuja E, et al. Discrepancies in cancer incidence and mortality and its relationship to health expenditure in the 27 European Union member states. Ann Oncol. 2013; 24:2897-2902 . doi: 10.1093/annonc/mdt352

 

* O presente estudo foi apresentado na forma de pôster impresso na II Semana de Oncologia Clínica no evento XXI Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica em 25 de outubro de 2019:

Ades F, Correa-Netto NF, Oliveira JS, Cepas T, Melo N. Inequality and cancer in brazilinvestment, installed health services capacity and social development: a comparative analysis of the factors related to different cancer outcomes in the 26 states and the Federal District of Brazil. Braz J Oncol. 2019; 15(Supl.1): S56.

 

 

 



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