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Câncer de pulmão e a diferenças entre gêneros

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Por várias décadas, o câncer de pulmão é o câncer diagnosticado com mais frequência e principal causa de morte em decorrência de câncer no mundo. A neoplasia de pulmão é responsável por praticamente uma em cada cinco mortes no mundo (1,6 milhões de mortes, correspondendo a 19,4% de todas as mortes por câncer). É a principal causa de morte por câncer em homens em 87 países e em mulheres em 26 países. As tendências do câncer de pulmão refletem os padrões históricos do tabagismo (1).

Os maiores riscos de morte por câncer de pulmão estão nas regiões Sul e Sudeste. Em relação ao país como um todo, os dados indicam que o nível de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens cresceu 8,7% entre 2008 e 2014. Entre as mulheres, entretanto, houve um grande aumento de mortalidade, crescendo 37% entre 2008 e 2014 (2).

De acordo com o SIM-Datasus e as estimativas populacionais do IBGE, observa-se que a taxa de mortalidade para câncer de pulmão entre homens era de 13,8 mortes/100 mil em 2008 alcançando em 2014 a taxa de 15 mortes/100 mil. Entre mulheres a taxa de mortalidade por câncer de pulmão apresenta uma grande elevação com a taxa de 7,3 mortes/100 mil em 2008 e de 10,0 mortes/100 mil em 2014. Entre 1995 e 2014 o câncer de pulmão mantem-se como o segundo tipo de câncer que mais matou as mulheres, depois do câncer de mama.

Boa parte dos casos de câncer de pulmão podem ser prevenidos por meio do controle do tabagismo, incluindo aumento dos impostos sobre o tabaco e a implementação de leis antifumo que são essenciais para a prevenção deste tipo de câncer (1). No Brasil, como em todo o mundo, o papel da mulher tem mudado nas últimas décadas aumentando sua inserção no processo produtivo. Associado a uma falsa imagem de independência, o tabagismo incorporou-se ao dia a dia feminino, trazendo consigo um agressor velado ao quadro já complexo da saúde da mulher.

A mulher e o tabaco

No Brasil, a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) lançou uma publicação (2) debatendo o impacto do tabagismo na saúde feminina.
Produtos desenhados especificamente para as mulheres, como cigarros com sabores e embalagens diferenciadas associam o tabagismo ao desejo universal das mulheres em serem atraentes e sedutoras. Tais produtos estão sendo hoje direcionados às mulheres dos países em desenvolvimento.

Atualmente, quatro vezes mais homens fumam do que mulheres no mundo, entretanto enquanto o índice de homens fumantes estabiliza-se, o número de mulheres tabagistas segue aumentando, principalmente em países em desenvolvimento (3). O marketing do tabaco direcionado às mulheres busca criar uma ligação entre o tabagismo e essa nova realidade socioeconômica.

A tendência de aumento do tabagismo nas mulheres é reflexo de um histórico de campanhas antitabagismo direcionadas ao público masculino, deixando de lado o público feminino. Evidências do Brasil, Tailândia e África do Sul sugerem que aumentos em impostos e preços foram os fatores que mais contribuíram para o declínio no uso do tabaco (1).

 

Fonte dos dados:
Estimativa populacional IBGE: Disponível: <http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html>
Ministério da Saúde. DataSUS. Sistema de Informação em Mortalidade (SIM).

Referências:
1. Jemal A, Vineis P, Bray F, Torre L, Forman D (Eds). The Cancer Atlas. Second Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society; 2014. Disponível em: <www.cancer.org/canceratlas>.
2. Lion, E. Tabagismo e Saúde feminina. Aliança de Controle do Tabagismo; 2009. Disponível também no endereço: http://actbr.org.br/tabagismo/genero.asp



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