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A carga do câncer infantojuvenil e o tratamento no SUS

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O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. No Brasil, os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático) (1). Neste estudo apresentaremos informações do Atlas do Câncer (2).

A carga do câncer em crianças no mundo

Os cânceres infantis correspondem a 1% do total de casos nos países de alta renda, mas cerca de 4% nos países de baixa renda. Os tipos de cânceres que ocorrem em crianças são diferentes dos de adultos e compreendem principalmente neoplasias do sangue e do sistema linfático (leucemias ou linfomas), tumores embrionários (retinoblastoma, neuroblastoma, nefroblastoma), tumores do cérebro, dos ossos e dos tecidos conjuntivos, com variações internacionais.

As taxas de incidência gerais estimadas por ano variam de 50 a 200 por milhão em crianças com menos de 15 anos de idade, e entre 90 e 300 por milhão em adolescentes entre 15 e 19 anos. Dados confiáveis estão disponíveis para um quinto da população do mundo, a maioria em países de alta renda.

A sobrevida entre as crianças com câncer está melhorando, mas as crianças de países de baixa renda ainda têm resultados piores que as dos países de alta renda. A letalidade do câncer infantil é maior em países com IDH baixo.

A sobrevida no câncer infantil varia entre os países. Enquanto cinquenta anos atrás apenas 30% dos pacientes com câncer infantil sobreviviam cinco anos após o diagnóstico, hoje, a proporção é de 80% nos países de alta renda, mas continua baixa nos países de média e baixa renda (p. ex., 40% na Índia). Os dados de sobrevida em países de baixa renda são escassos, mas o número anual de mortes estimado é superior à metade dos novos casos na África, na Ásia e na América Latina. Investimentos nacionais e a colaboração internacional poderiam melhorar esses resultados.

À medida que a sobrevida melhora, a população de sobreviventes por longo tempo cresce. Em 2012, apenas nos EUA, existiam 80.000 sobreviventes de câncer diagnosticados antes dos 20 anos de idade. Cerca de 60% dos sobreviventes de câncer padecem de pelo menos uma condição crônica e o risco de efeitos tardios aumenta com o prolongamento do acompanhamento. Novas terapias devem superar a recente desaceleração da melhora na sobrevida e reduzir os efeitos tardios do tratamento.

A carga do câncer em crianças no Brasil

O principal componente na vigilância epidemiológica do câncer é representado pelo acompanhamento contínuo da incidência da doença regionalmente. Estimativa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o biênio 2016/17 revela que ocorrerão cerca de 12.600 casos por ano em crianças e adolescentes com até 18 anos de idade e o número de mortes em 2015 foi de 2.762. (3) Na faixa etária compreendida entre 0 e 14 anos a leucemia linfática aguda (LLA) foi o tumor mais comum, correspondendo a 23% dos cânceres. A leucemia não-linfoíde ou mielóide aguda foi o segundo tipo mais comum, ocorrendo numa taxa de 1/5 da LLA. Os tumores de Sistema Nervoso Central (SNC) corresponderam a 22,1% e em conjunto com ambas as leucemias corresponderam à metade de todos os cânceres que ocorreram nessa faixa etária. Os outros tipos de tumor sólidos mais comuns foram o neuroblastoma (7,7%), seguido do tumor de Wilms (5,9%) e o hematológico linfoma não-Hodgkin (5,9%). (3)

Tratamento Quimioterápico do câncer de criança e adolescente no SUS

O prognóstico e o tratamento do câncer infantil são diversos e, em geral, incluem diversas modalidades terapêuticas. Para esta análise foram considerados 5 procedimentos clínicos para tratamento quimioterápico em oncologia no SUS utilizados na infância e adolescência. Em 2016 foram realizados 68.007 procedimentos de quimioterapia, incluindo primeira, segunda, terceira, quarta linha de tratamento e alta dose para osteossarcoma.

Os cinco tratamentos analisados cresceram de forma acentuada no período entre 2009 e 2016. Em 2016, a distribuição apresentou o seguinte comportamento: 86,6% (58.861) foram para 1.ª linha, 8,5% (5.757) para 2.ª linha, 1,4% (946) para 3.ª linha, 0,3% (235) para 4.ª linha e 3,2% (2.207) para altas doses quimioterápicas para osteossarcoma. No geral, os tratamentos dos tumores hematológicos representaram, em 2016, 64,4% dos tratamentos quimioterápicos do Brasil, destes 54,4% são leucemias.

Fonte dos dados:
Sistema de Informação Ambulatorial do SUS – SIA/SUS (Quimioterapias)

Referências:
1. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Tipo de Câncer, Infantil. Website. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantil>
2. JEMAL A, VINEIS P, BRAY F, TORRE L, FORMAN D (EDS). The Cancer Atlas. Second Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society; 2014. Disponível em: <www. cancer.org/câncer atlas>
3. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer. Câncer da criança e adolescente no Brasil: dados dos registros de base populacional e de mortalidade. / Instituto Nacional de Câncer. ? Rio de Janeiro: INCA, 2008. 220 p. il. color. tab.



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