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Entenda melhor o transplante de células-tronco

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O Transplante de medula óssea é considerado um tratamento curativo para doenças onco-hematológicas e hematológicas que não respondem ao tratamento padrão (1, 2).

De onde vem estas células?

As células-tronco hematopoiéticas, também denominadas células progenitoras ou precursoras, podem ser obtidas a partir de três fontes: da medula óssea, do sangue periférico ou do sangue do cordão umbilical e placentário (3).

Medula óssea: as células são coletadas do sangue do interior dos ossos do quadril;

Sangue periférico: as células são obtidas a partir do sangue venoso utilizando um equipamento chamado máquina de aférese;

Sangue de cordão umbilical e placentário: as células são obtidas a partir do sangue do cordão umbilical de recém-nascidos ou da placenta.

 

Como funciona o transplante?

No transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) a medula óssea do paciente é substituída por células-tronco hematopoiéticas de pessoas sadias ou substituída por células sadias de sua própria medula óssea (2). Antes do transplante, o paciente faz um tratamento quimioterápico e/ou radioterápico, a depender da doença, e, em seguida, recebe as células-tronco hematopoiéticas, que aos poucos se instalam dentro da medula óssea. Espera-se que depois de um determinado período de tempo, variável de paciente para paciente, as células do doador comecem a se multiplicar no paciente produzindo novas células do sangue sadias.

 

Tipos de transplante:

O TCTH pode ser classificado em três tipos, de acordo com o tipo de doador: autólogo, alogênico ou singênico (2).

  • Autólogo ou autogênico: quando o doador é o próprio paciente;
  • Alogênico: quando o doador é uma pessoa aparentada ou não aparentada;
  • Aparentado: o doador e o paciente são consanguíneos, por exemplo irmãos ou familiares, podendo ser totalmente compatíveis ou haploidênticos (50% compatíveis);
  • Não aparentado: o doador e o paciente não são familiares, portanto não são consanguíneos;
  • Singênico: quando o doador é um irmão gêmeo idêntico.

 

Para quem o transplante é indicado?

O TCTH é indicado para o tratamento de doenças do sangue, algumas imunodeficiências congênitas, erros inatos de metabolismo e tumores sólidos, porém a recomendação do tipo de transplante e do melhor momento para a intervenção dependem da avaliação do médico hematologista (2, 4). O tipo de transplante indicado aos pacientes com doenças onco-hematológicas e hematológicas está intrinsecamente relacionado à idade e patologia do paciente.

  • TCTH autólogo: realizado em pacientes com idade igual ou inferior a 75 anos com as seguintes patologias: Leucemia Mieloide Aguda, Linfoma não Hodgkin, Linfoma de Hodgkin ou Mieloma Múltiplo;
  • TCTH alogênico aparentado: realizado em pacientes com idade igual ou inferior a 70 anos com as seguintes patologias: Leucemia Mieloide Aguda, Leucemia Linfoide Aguda, Leucemia Mieloide Crônica, Anemia Aplástica, Síndrome Mielodisplásica, Talassemia Maior, Mielofibrose, Leucemia lLinfoide Crônica, Mieloma Múltiplo, Linfoma não Hodgkin ou Linfoma de Hodgkin;
  • TCTH alogênico não aparentado: realizado em pacientes com idade igual ou inferior a 60 anos com as seguintes patologias: Leucemia Mieloide Aguda, Leucemia Linfoide Aguda, Leucemia Mieloide Crônica, Anemia Aplástica, Síndrome Mielodisplásica, Osteopetrose ou Mielofibrose.

 

Onde encontrar um doador de medula óssea?

Se não for encontrado um doador compatível entre os familiares ou a rede de relacionamento do paciente, pode-se recorrer ao Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).

 

Quantos e onde são realizados os transplantes no Brasil?

No Brasil, 70 centros realizam transplantes de medula óssea. Destes, 30 realizam transplantes com doadores não aparentados e estão distribuídos por 8 estados brasileiros e no Distrito Federal. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), entre janeiro e junho de 2020, o número de transplantes de medula óssea realizados diminuiu quase 20% em relação ao mesmo período de 2019. Em 2020, 2.079 pacientes foram submetidos a transplantes de células-tronco em 40 estabelecimentos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 1.440 utilizando sangue periférico (69%), 633 utilizando medula óssea (30%) e apenas 6 utilizando sangue de cordão umbilical (<1%). Do total de pacientes transplantados, após o procedimento, mas ainda durante a internação, 97% dos pacientes tiveram desfechos positivos, enquanto 3% foram a óbitos.

 

 

Fonte dos dados:

Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH)

Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME).

 

Referências Bibliográficas:

  1. Knight, Jennifer M et al “Patient-Reported Outcomes and Socioeconomic Status as Predictors of Clinical Outcomes after Hematopoietic Stem Cell Transplantation: A Study from the Blood and Marrow Transplant Clinical Trials Network 9 Trial ” Biology of blood and marrow transplantation : journal of the American Society for Blood and Marrow Transplantation vol. 22,12 (2016):2256-2263. doi:10.1016/j.bbmt.2016.08.016
  2. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Tópicos em transplante de células-tronco hematopoéticas. Rio de Janeiro: INCA, 2012. Disponível on-line em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/topicos_transplantes.pdf.
  3. SILVA JUNIOR FC, ODONGO FCA, DULLEY FL. Células-tronco hematopoéticas: utilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, São Paulo, v.31, supl.1, p.53-58, 2009. Disponível on-line em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842009000700009.>.
  4. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CONITEC. Relatório de recomendação do Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas para a Doença Falciforme. Brasília: MS, 2015. Disponível on-line em: <http://formsus.datasus.gov.br/novoimgarq/19909/3113763_109700.pdf.>


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