Introdução
O exame de reavaliação diagnóstica do cromossoma Philadelphia é essencial para o acompanhamento de pacientes com leucemias, principalmente leucemia mieloide crônica, onde o cromossomo está presente entre 90 e 95% dos casos¹. Eles permitem avaliar a resposta ao tratamento e ajustar estratégias terapêuticas, garantindo maior eficácia no controle doença¹.
Já o exame de PET-CT é usado para diagnóstico e estadiamento dos diversos tipos de linfomas, sendo extremante necessário ser realizado para melhor direcionamento terapêutico em tempo oportuno².
Portanto, o objetivo do presente relatório é descrever as produções dos dois exames na rede pública do SUS entre 2018 e 2023.
Metodologia
Foi realizado um estudo descritivo a partir da coleta de dados abertos para os exames de Reavaliação diagnóstica de leucemia cromossoma Philadelphia positivo por técnica molecular (código: 02.02.10.022) e Tomografia por emissão de pósitrons PET-CT (código: 02.06.01.009) entre 2018 e 2023.
Os dados foram coletados das bases públicas do Datasus, do Ministério da Saúde, através da plataforma de Transferência de Arquivos (https://datasus.saude.gov.br/transferencia-de-arquivos/). A partir disso, os dados foram baixados, organizados, trabalhados e dispostos em um painel visual interativo do Microsoft PowerBI, onde todas as análises foram produzidas.
Resultados
1. Produções para os dois exames:
1.1 Evolução do número de procedimentos ao longo dos anos
Entre 2018 e 2023, houve um crescimento expressivo no número de exames realizados, saindo de 21.805 procedimentos em 2018 para 38.184 em 2023. O aumento mais significativo foi observado entre 2020 e 2022, quando os exames passaram de 29.191 para 38.604, mostrando um incremento na disponibilidade e na procura por esses serviços, muito possivelmente devido à demanda represada pelo exame no início da pandemia de Covid-19 quanto ao exame Pet-CT, bem como na entrada da oferta do exame de PCR pelo SUS a partir de 2021. Em 2023, o número manteve-se estável e alto em comparação aos anos anteriores.
1.2 Produção por Instituição
As instituições responsáveis pela realização dos exames apresentam variações significativas tanto em volume quanto em custos. O CEONC, no Paraná, lidera com 14.628 exames (8,4% do total), seguido pelo Hospital das Clínicas da FMUSP de São Paulo com 9.653 exames (5,5%).
1.3 Custos
Os custos totais para a realização dos exames atingiram R$ 333.220.477,04 no período analisado, com um custo médio por exame de R$ 1.919,00. Os maiores custos foram registrados instituições CEONC, com total de R$ 30.824.414,16 e custo médio de R$ 2.107,22 e Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com total de R$ 20.340.994,66 e custo médio de R$ 2.107,22.
1.4 Distribuição Geográfica
Os dados por estado mostram uma concentração nos serviços em São Paulo, com 35,1% dos exames realizados, seguido pelos estados do Paraná, com 18,1% dos exames produzidos, Alagoas com 6,3% e Pernambuco com 6,1%.
2. Produções do exame de reavaliação diagnóstica do cromossoma Philadelphia positivo por técnica molecular:
2.1 Número de procedimentos no período
Apesar do estudo considerar o período de 2018 a 2023, não houve antes de 2021 nenhuma produção do respectivo exame. Já entre 2021 e 2023, os exames relacionados ao diagnóstico do cromossoma Philadelphia positivo demonstraram uma tendência de crescimento seguida de declínio. Em 2021, foram realizados 2.913 procedimentos, que saltaram para 8.692 em 2022, representando um crescimento expressivo. No entanto, em 2023, o número foi reduzido a 6.915 procedimentos.
2.2 Distribuição por Instituições
Os hospitais com maior participação na realização desses exames foram o Hospital Ophir Loyola no Pará, com 6.435 exames (34,7%) e o Hospital das Clínicas da Unicamp de Campinas, com 3.158 exames (17,1%). As duas instituições juntas concentram mais de 50% dos exames realizados no período.
2.3 Custo total e médio
O custo total de todos os procedimentos realizados entre 2021 e 2023 foi de R$ 3.120.249,60, com um custo médio geral de R$ 185,37 por exame. Destacam-se as seguintes variações: Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho: apresentou um custo médio mais elevado (R$ 686,49) e Instituições como o Hospital Ophir Loyola e o Hospital das Clínicas da Unicamp tiveram custos médios abaixo de R$ 200,00.
2.4 Distribuição Geográfica
A produção dos exames foi concentrada principalmente nos estados de São Paulo, com 41,5% do total, Pará, com 34,7% e Paraná, com 16,2%. Esses três estados juntos realizam mais de 90% dos procedimentos no período no SUS. Além disso, muitos estados não notificaram nenhuma produção do procedimento no período.
3. Produções do exame PET-CT
3.1 Evolução dos procedimentos ao Ano
O número total de exames realizados aumentou progressivamente ao longo dos anos, partindo de 21.805 exames em 2018 para 31.269 em 2023, representando um crescimento de cerca de 43% no período analisado, o que denota um aumento da procura pelo exame e sua oferta pelo SUS.
3.2 Produção por estabelecimento
Os principais estabelecimentos que realizaram os exames foram o CEONC, com 14.628 procedimentos realizados (9,3%), totalizando um custo de R$ 30.824.414,16, com custo médio por exame de R$ 2.107,22, seguido pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com 9.653 exames (6,2%), custo total de R$ 20.340.994,66 e custo médio de R$ 2.107,22.
3.3 Distribuição geográfica
Os estados com maior participação no número de exames realizados no período no SUS foram São Paulo, com 34,4, Paraná, com 18,4% e Alagoas, com 7,0%.
3.4 Custo total e médio
O custo total dos exames de PET-CT no período foi de R$ 330.100.227,44, com um custo médio por exame de R$ 2.105,10.
Considerações finais
Há um crescimento contínuo na realização de exames, indicando uma ampliação no acesso ao diagnóstico e acompanhamento de doenças graves no SUS. São Paulo lidera em quantidade de exames realizados, reforçando sua infraestrutura e importância no sistema de saúde nacional. Instituições especializadas, como CEONC e HC da FMUSP, desempenham papel central na execução dos exames. O controle do custo médio por exame reflete eficiência no uso de recursos públicos.
Os dados reforçam a relevância da descentralização dos serviços de saúde, dado que poucos estados concentram a maior parte dos exames, como o caso do exame de avaliação do cromossoma Philadelphia, com nenhuma produção em diversos estados brasileiros através do SUS. Sabe-se, apesar disso, que a indústria farmacêutica estimula a realização desse exame através da liberação de vouchers para uso dos hospitais e pacientes, sendo uma alternativa imprescindível de controle da doença nesses estados e instituições não alcançados pelo SUS.
Referências
1. Sossela, F. R., Zoppas, B. C. D. A., & Weber, L. P. (2017). Leucemia Mieloide Crônica: aspectos clínicos, diagnóstico e principais alterações observadas no hemograma. RBAC, 49(2), 127-30. Disponível em https://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2017/08/RBAC-vol-49-2-2017-ref.-543-finalizado.pdf Acesso em 10 dez 2024.
2. Milhões, Marta, et al. “Utilidade da PET/CT,(18F-FDG), no estudo do linfoma Hodgkin e linfoma não Hodgkin.” Saúde & Tecnologia 04 (2009): 28-32. Disponível em https://journals.ipl.pt/stecnologia/article/view/714 Acesso em 10 dez 2024.