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Situação do adoecimento por câncer em Pelotas

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O Estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com maiores taxas de incidência para diferentes tipos de âncer no Brasil. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar os dados de hospitalizações, diagnósticos e óbitos relacionados ao câncer no município de Pelotas (Rio Grande do Sul), entre os anos de 2022 e 2024

Metodologia

Foram analisados dados para o município de Pelotas e do estado do Rio Grande do Sul de todas as hospitalizações por câncer entre 2022 e 2024 no SUS do Sistema de Informação de Hospitalizações (SIH), bem como dados de diagnósticos para todos os tipos de câncer no Painel Oncologia em 2022 e 2023 e dados de todos os óbitos por câncer em 2022 e 2023 no país do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), sendo esses três sistemas de informação oficiais do Datasus do Ministério da Saúde. Além disso, foram coletados e analisados também dados de tratamento do Registro Hospitalar de Câncer do INCA, entre 2020 e 2022. 

Resultados

O total de diagnósticos registrados foi de 4.818, com 1.321 óbitos relacionados ao câncer no período analisado. As neoplasias com maior quantidade de diagnósticos foram as de localização incerta ou desconhecida (40,8% dos diagnósticos), seguidas por câncer de mama (8,5%), câncer de próstata (4,9%), câncer de cólon (4,2%) e câncer dos brônquios e pulmões (3,8%). Já em se tratando dos óbitos, a maior parte veio a óbito no município devido ao câncer dos brônquios e pulmões (16,7), seguido pela neoplasia maligna da mama (8,2) e neoplasia do cólon (6,7). Esses dados reforçam a necessidade de aprimoramento nos métodos de diagnóstico para reduzir o número de neoplasias de localização incerta e destacam a importância de estratégias de rastreamento e prevenção direcionadas aos tipos mais prevalentes.

A análise permitiu observar que o tempo mediano até o diagnóstico de câncer foi de 31 dias, enquanto o tempo mediano até o início do tratamento foi de 71 dias, o que sugere um intervalo considerável entre a detecção da doença e o início da intervenção terapêutica, sendo ambos os tempos acima do esperado na prerrogativa das leis de 30 e 60 dias.

Em relação aos tipos de procedimento realizados, os dados indicaram que a maioria foi de caráter cirúrgico (64,6%), seguido por tratamentos clínicos (33,9%) e procedimentos de citologia (1,4%). Esses números demonstram a predominância de abordagens cirúrgicas no manejo oncológico na região. Quanto ao estadiamento dos casos diagnosticados, verificou-se que 2,0% dos pacientes estavam no estágio 0, 9,2% no estágio 1, 22,9% no estágio 2, 28,2% no estágio 3 e 26,6% no estágio 4. Esses dados evidenciam uma alta proporção de diagnósticos em estágios avançados (3 e 4), com quase 54%, o que pode impactar diretamente as taxas de sobrevivência e os custos associados ao tratamento.

A análise do uso de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) mostrou que apenas 9,3% dos pacientes necessitaram desse suporte, enquanto 90,7% não precisaram de internação em UTI, o que pode indicar um perfil clínico dos pacientes com menor gravidade ou uma limitação na disponibilidade de leitos de cuidados intensivos.

Em termos de internações e custos, foram contabilizados 3.723 pacientes que passaram por internações, totalizando em 4.825 internações no período estudado. O custo médio por internação foi de R$ 2.379,29, resultando em um custo total de R$ 11.713.225,82. Quando analisada a distribuição das internações por hospital, o Hospital Escola da UFPEL concentrou 1.865 internações (54,7% do total), seguido pela Santa Casa de Misericórdia de Pelotas com 1.250 internações (32,3%) e pelo UCPel Hospital Universitário São Francisco de Paula com 528 internações (11,6%). Esses números indicam uma concentração significativa de atendimentos no Hospital Escola da UFPEL, evidenciando seu papel central na assistência oncológica da região.

Conclusão:
A análise dos dados revelou que, apesar dos esforços em diagnóstico e tratamento, a região de Pelotas ainda enfrenta desafios significativos no manejo do câncer. O elevado número de diagnósticos em estágios avançados, a demora entre o diagnóstico e o início do tratamento, e a concentração de internações em poucos hospitais, como o Hospital Escola da UFPEL, indicam a necessidade de aprimorar o acesso ao diagnóstico precoce, aumentar a disponibilidade de tratamentos rápidos e melhorar a distribuição de recursos de saúde. Além disso, é fundamental investir em estratégias de rastreamento e prevenção direcionadas aos tipos mais prevalentes de câncer, com foco nas neoplasias de mama, cólon, pulmão e as de localização incerta.

 



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