Introdução
O Sistema Único de Saúde (SUS), modelo público que estrutura a atenção à saúde no Brasil, assegura atendimento médico integral a toda a população, incluindo o transplante de medula óssea (TMO). Esse procedimento é garantido como um direito de todos os cidadãos, o que possibilita seu acesso por amplas parcelas da sociedade. Contudo, diante da grande extensão territorial do país e das expressivas desigualdades regionais nos indicadores socioeconômicos (IDH), o principal desafio consiste em gerir o sistema de forma a garantir equidade no acesso, especialmente para as populações em situação de vulnerabilidade. Atualmente, o SUS é responsável por aproximadamente 70% a 80% dos TMOs realizados no Brasil¹.
Metodologia:
Foi produzido um painel de bordo interativo com as informações de procedimentos de Transplante de Medula Óssea (TMO) no SUS no triênio 2022-2024, considerando aspectos sociodemográficos, hospitalares, financeiros e geográficos, a partir de dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH) do Ministério da Saúde – Datasus.
Resultados
Os resultados apresentados mostram um panorama abrangente da TMO. No total, foram realizados 8.739 transplantes no triênio, com 249 óbitos registrados, o que representa uma taxa de mortalidade hospitalar de 2,8%. O custo total dos procedimentos alcançou aproximadamente R$ 444,8 milhões, com custo médio de R$ 50.897,25 por transplante, indicando um investimento expressivo em alta complexidade dentro do sistema de saúde.
A análise do perfil dos pacientes revela que 52,9% das pessoas submetidas ao TMO são de raça branca, 39,2% parda e 6,6% preta. Essa distribuição sugere um predomínio de pacientes brancos, o que pode refletir possíveis desigualdades de acesso aos serviços especializados. Em relação à faixa etária, 82% dos procedimentos foram realizados em adultos, enquanto apenas 18% ocorreram em pacientes com até 18 anos.
A distribuição geográfica dos transplantes confirma uma forte concentração na região Sudeste, especialmente no estado de São Paulo (3.422 TMOs), que reúne os maiores centros de referência e responde por grande parte dos procedimentos nacionais. As regiões Sul e Nordeste aparecem com participação moderada, enquanto o Norte e o Centro-Oeste possuem menor representatividade, o que sugere desigualdade de oferta e necessidade de expansão da rede de atendimento especializado nessas áreas.
Conclusão
De modo geral, os resultados apontam que o Brasil possui uma rede de TMO tecnicamente consolidada, com bons indicadores de sobrevida e alta concentração em centros de excelência. Ainda assim, persistem desafios importantes, como a desigualdade regional e racial no acesso ao tratamento e a necessidade de ampliar a capacidade instalada em regiões com baixa cobertura e vazios assistenciais. O monitoramento contínuo desses indicadores, aliado a políticas públicas de equidade e expansão da oferta, é fundamental para garantir que o TMO continue avançando como um tratamento de alta eficácia e acessível a todos os pacientes que dele, porventura, necessitem.
Referências
- Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Dimensionamento dos transplantes no Brasil e em cada estado. RBT [Internet] 22.4 (2023). Disponível em: https://site.abto.org.br/wp-content/uploads/2024/03/RBT_2023-Populacao_Site.pdf Acesso em jun/2024
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