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A prevalência de tabagismo no Brasil e o risco de desenvolver câncer

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Boa parte dos casos de câncer de pulmão podem ser prevenidos por meio do controle do tabagismo, incluindo aumento dos impostos sobre o tabaco e a implementação de leis antifumo que são essenciais para a prevenção do câncer de pulmão. Quando produtos como cigarro e o outros a base de nicotina são acesos, substâncias nocivas são inaladas pelo fumante e algumas lançadas no meio ambiente, ambas prejudiciais à saúde. Segundos estudos realizados, observa-se que o impacto do uso do cigarro ocorre não somente no fumante, mas também nos não-fumantes, que são expostos a elementos tóxicos causados pelo cigarro, conhecidos como fumantes passivos.

O tabaco e a prevalência de fatores de risco para o câncer

As boas notícias nos dizem que entre os anos de 2006 e 2015, houve uma queda 33,8% no número de fumantes. Apesar da queda de quase 35% para o sexo masculino, as mulheres apresentam desempenho inferior de 33%, refletindo a vulnerabilidade do sexo feminino frente aos malefícios do tabaco. Em todas as regiões do Brasil houve redução significativa. A Região Norte apresentou a maior redução, cerca de 0,9% por ano, enquanto a Região Sudeste obteve a menor redução média 0,5% por ano.
Segundo o VIGITEL-2015, no ano 2015, a proporção de pessoas não fumantes expostos ao tabagismo apresentou uma média de 9,1%, em casa, sendo maior entre mulheres (9,7%) do que entre homens (8,4%). A frequência de fumantes passivos no local de trabalho foi de 8,0%, sendo cerca de quase três vezes maior entre homens (12,0%) quando o percentual é comparado com o das mulheres (4,6%).

Entre 2009 e 2015, tanto em domicílio quanto em ambiente de trabalho, os percentuais totais, em homens e mulheres vêm reduzindo. Passou de 11,9% para 8,4% entre homens e de 13,4% para 9,7%entre mulheres, considerada a exposição em domicílio. No ambiente de trabalho, o percentual variou de 17% a 12% para os homens e 7,9% para 4,6% para as mulheres.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, em relação a distribuição nas regiões do Brasil, a exposição de não fumantes à fumaça em casa apresentou valores maiores no Sudeste (9,7%) e no Nordeste (12,4%), e para trabalho em ambiente fechado a situação se repetiu, sendo 12,3% no Sudeste e 16,6% no Nordeste. Cerca de 4,2% dos fumantes do Sul fumam 20 ou mais cigarros por dia, atribuindo grande vulnerabilidade a população desta região.

Entre 2006 a 2015, o número de pessoas que deixaram de fumar, lamentavelmente, diminuiu em 6,8%. Em relação ao sexo feminino, o número de ex-fumantes não apresentou variação significativa (de 18,4% em 2006 para 18,2% em 2015). Essa variação poderia melhorar com o aumento de campanhas específicas para o público feminino, prevenindo e conscientizando a população acerca dos efeitos do tabagismo no câncer de pulmão.

Onde estamos e onde queremos chegar?

No Brasil, como em todo o mundo, o papel da mulher tem mudado nas últimas décadas aumentando sua inserção no processo produtivo. Associado a uma falsa imagem de independência, o tabagismo incorporou-se ao dia a dia feminino, trazendo consigo um agressor velado ao quadro já complexo da saúde da mulher.

Atualmente, quatro vezes mais homens fumam do que mulheres no mundo, mas, enquanto o índice de homens fumantes estabiliza-se, o número de mulheres tabagistas segue aumentando, principalmente em países em desenvolvimento. O marketing do tabaco direcionado às mulheres busca criar uma ligação entre o tabagismo e essa nova realidade socioeconômica.

Linha do tempo para o Controle do Tabagismo no Brasil: 1990 – Primeiro imposto específico de cigarro; 1996 – Imagens de advertências, restrição de publicidade, leis sobre ambiente livre e aumento de preço; 1998 – Lei sobre acesso de jovens; 2000/2001 – Imagens de advertências mais contundentes, restrição de publicidade, tratamento para deixar de fumar; 2003 – Aumento de impostos de cigarros; 2006 – Aumento de impostos de cigarros; 2007/2009 – Leis municipais sobre ambiente livre.

Em relação ao câncer de pulmão, os maiores riscos de morte estão nas regiões Sul e Sudeste. Em relação ao país como um todo, os dados indicam que o nível de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens cresceu 8,7% entre 2008 e 2015 e entre as mulheres, entretanto, houve um grande aumento de mortalidade, crescendo 37% entre 2008 e 2015.
De acordo com o sistema de informação em mortalidade e as estimativas populacionais do IBGE, observa-se que a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre homens era de 13,8 mortes/100 mil em 2008 alcançando em 2014 a taxa de 15 mortes/100 mil, mantendo-se estável.

Entre mulheres a taxa de mortalidade por câncer de pulmão apresenta uma grande e significativa elevação com a taxa de 7,3 mortes/100 mil em 2008 e de 10,0 mortes/100 mil em 2014. Entre 1995 e 2014 o câncer de pulmão mantem-se como o segundo tipo de câncer que mais matou as mulheres, depois do câncer de mama.

 

Fonte dos dados:
INCA, VIGITEL BRASIL 2015 – Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/9da1e5004da664cba63ceecc35e661a7/Anexo+III+-+Apresenta%C3%A7%C3%A3o+Vigitel+2015.pdf?MOD=AJPERES&CACHEID=9da1e5004da664cba63ceecc35e661a7>.

Referências:
1. INCA, Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/dados_numeros/prevalencia-de-tabagismo>. Atualizado em Out/2016.
2. Aliança de Controle do Tabagismo. Tabagismo e Saúde feminina. Disponível em: <http://actbr.org.br/uploads/conteudo/213_TABAGISMO_E-SAUDE_FEMININA_FINAL.pdf>.
3. IGBE, Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv91110.pdf>.
4. Universidade Federal de São Paulo, Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Disponível em: <http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/tabaco.htm#13>.
5. Observatório de Oncologia, Câncer de pulmão e a diferenças entre gêneros. Disponível em: <https://observatoriodeoncologia.com.br/cancer-de-pulmao-e-a-diferencas-entre-generos/>

Agradecimentos especiais para Julia Molina, voluntária da ABRALE, por toda ajuda e empenho dedicado a esse estudo.



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