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Panorama da atenção de Leucemia Mieloide Aguda no SUS

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INTRODUÇÃO

Em 2020, foram estimados no mundo 475 mil casos de leucemia, o que equivale a 2,5% de todos os tipos de câncer. Ao observamos por sexo temos que entre os homens, foram 270 mil casos novos, correspondendo ao risco estimado de 6,30 casos por 100 mil homens. Já entre as mulheres, foram 205 mil casos de leucemia ou 4,50 casos a cada 100 mil mulheres (FERLAY et al., 2020 apud INCA, 2023).

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil para cada ano triênio de 2023 a 2025 são estimados cerca de 11.540 novos casos de Leucemia (INCA, 2023). A leucemia foi o 13° tipo de câncer mais frequente em 2017, correspondendo a 1,7% do total de novos casos (INCA,2016). Com relação à mortalidade, os óbitos por leucemia no Brasil representaram 3,1% do total de óbitos por câncer em 2017, sendo o 8° tipo de câncer com maior mortalidade (DATASUS, 2019).

As leucemias são classificadas de acordo com a linhagem e o grau de diferenciação de suas células precursoras. As células precursoras podem ser de origem linfoide ou mieloide e se apresentar de forma diferenciada, levando às formas: crônicas da doença, onde têm um desenvolvimento mais lento e muitas vezes não há necessidade de iniciar o tratamento ao diagnóstico e a forma aguda onde as células cancerígenas se desenvolvem rapidamente e o tratamento deve ser iniciado prontamente (Abrale 2020).

Desta maneira, os principais subtipos de leucemias são: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoide aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (LLC) (Rodiguez- Abreu et al, 2017; Miranda-Filho et al, 2018).

A leucemia é o câncer mais frequente na população com até 20 anos de idade. Contudo, a maior parte dos casos ocorre em indivíduos idosos. Além disso, o padrão de ocorrência dos subtipos de leucemia é diferente entre as faixas etárias.

A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) afeta principalmente adultos mais velhos, sendo rara antes dos 45 anos. A idade média de um paciente com leucemia mieloide aguda é de 68 anos, mas também pode ocorrer em crianças, é levemente mais frequente entre homens do que entre mulheres, mas o risco médio durante a vida em ambos os sexos é de aproximadamente 1%. (American Cancer Society, 2023)

Na leucemia mielóide aguda acontece uma série de mutações genéticas nas células-tronco mieloides, que resultam na formação de blastos, células que ficam “presas” nos estágios anteriores ao amadurecimento. Essas células não conseguem se tornar maduras e passam a se multiplicar de forma descontrolada. Os blastos também se desenvolvem rapidamente na medula óssea e passam a atrapalhar o desenvolvimento de células saudáveis. Como resultado, a medula óssea começa a ter uma quantidade enorme de blastos (Abrale 2020).

No diagnóstico da LMA, o número de células saudáveis (células vermelhas, células brancas e plaquetas) pode cair. Neste momento, o indivíduo começa a apresentar anemia, infecções e sangramentos, o que dependerá muito do acesso às redes de saúde o mais rápido possível.

Diante deste contexto, o presente estudo se propõe a apresentar o panorama de atendimento às pessoas com Leucemia Mieloide Aguda, no âmbito do SUS. Este panorama caracteriza a população atendida e a produção do SUS para diagnóstico e tratamento da LMA, no período de 2018 a 2022, trazendo, assim, as informações necessárias para apoiar a gestão das políticas de saúde voltadas ao controle da Leucemia no país.

MÉTODO

Estudo descritivo baseado em dados secundários disponibilizados pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram utilizadas as informações de Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) de Quimioterapia do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS) e da base de Autorizações de Internações Hospitalares (AIH) do Sistema de Informações Hospitalares dos SUS (SIH-SUS) de pacientes diagnosticadas com Leucemia Mieloide Aguda (CID C920) atendidos no Sistema único de Saúde (SUS), entre 2018 e 2022.

RESULTADOS

Segundo os registros do SIA, somente através do SUS, foram realizados 6.856.556 procedimentos de quimioterapia no Brasil no período entre 2018 a 2022, cerca de 57 mil procedimentos com paciente de Leucemia Mieloide Aguda, dos quais 98% pacientes iniciaram o seu tratamento em menos de 24 horas.

A maioria dos pacientes com LMA em tratamento residem na região Sudeste (42%), seguida do Nordeste (23%) e Sul (20%). Poucos que estão em tratamento são da região Centro-Oeste (8%) e Norte (7%). A faixa etária que mais realizou quimioterapia no período abordado foi entre 10-19 anos (16%) seguido de 60-69 anos com 13% dos pacientes. Considerando por sexo os homens realizaram mais o tratamento de quimioterapia que as mulheres, mas se diferenciam de acordo com as faixas etárias.

Para a realização do procedimento de quimioterapia aos pacientes com Leucemia Mieloide Aguda foram gastos em torno de 134 milhões de reais, o maior custo médio de tratamento foi no ano de 2022 com gasto de R$ 5.785,42 por paciente.

Foram 201 centros de tratamentos que ofereceram tratamento aos pacientes com LMA entre os anos 2018 a 2022. Dentre os estabelecimentos encontrados 169 fazem parte da rede referenciada de hospitais próprios para o tratamento de Câncer no Brasil (UNACON/CACON), apenas 32 estabelecimentos não se encontram neste grupo.

Fonte: Sistema de Informação Ambulatorial- SIA, DataSUS, 2023.

No período entre 2018 e 2022 foram registradas 59.194.981 internações em hospitais do SUS, sendo 45.228 internações e 45.209 pacientes com LMA. Em média, os pacientes permaneceram onze dias internados e mais de 91% dos casos, não demandaram o uso da UTI.

Os procedimentos mais realizados, em âmbito hospitalar, foram de tratamento clínico de paciente oncológico (33%), internação p/ quimioterapia de leucemias agudas / crônicas agudizadas (30%) e tratamento de intercorrências clínicas de paciente oncológico (18%). Para a realização de todos os procedimentos voltados aos pacientes foram gastos mais de R$ 229.243.766,55, com gasto médio de R$ 5.068,62 por paciente.

Foram realizados 1.309 transplantes de medula óssea em pacientes com LMA entre o período de 2018 e 2022, tendo 4 coletas e acondicionamento de medula, 104 intercorrências pós transplante.

A maioria dos pacientes internados residem na região Sudeste (43%), seguida do Nordeste (25%), Sul (21%). Centro-Oeste (6%) e Norte (5%). A faixa etária que mais internaram no período abordado foi, entre 10-19 anos (15%) seguido da faixa etária de 50-59 anos (14%). Considerando por sexo os homens realizaram mais internações (53%) que as mulheres (47%), mas se diferenciam de acordo com as faixas etárias. A proporção de óbitos por internação foi de 9%

Fonte: Sistema de Informação Hospitalar- SIH, DataSUS, 2023.

Foram 644 hospitais que ofereceram tratamento aos pacientes com LMA entre os anos 2018 a 2022. Dentre os estabelecimentos encontrados 213 fazem parte da rede referenciada de hospitais próprios para o tratamento de Câncer no Brasil (UNACON/CACON) e 431 estabelecimentos não se encontram neste grupo.

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Infomática do SUS- DataSUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def. Acesso em: 17/01/2020.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Infomática do SUS- DataSUS. Sistema de Informação Hospitalar (SIH). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/qibr.def. Acesso: 10/11/2023

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Infomática do SUS- DataSUS. Sistema de Informação Ambulatorial (SIA). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sia/cnv/qauf.def. Acesso em: 13/11/2023

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde – SAS. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022

Rodriguez-Abreu D, et al. Epidemiology of hematological malignancies. Ann Oncol. 2017; 18(Supplement 1):i3-i8. doi: 10.1093/annonc/mdl443.

Miranda-Filho A, et al. Epidemiological patterns of leukaemia in 184 countries: a population-based study. Lancet Haematol. 2018;5(1):e14-e24. doi: 10.1016/S2352-3026(17)30232-6.

ABRALE- Associação Brasileira de Leucemia e Linfoma. Disponível em:https://www.abrale.org.br/wp-content/uploads/2020/11/Manual-de-LMA.pdf. Acesso em: 09/11/2023.

American Cancer Society. Key Statistics for Acute Myeloid Leukemia (AML). 2023. Disponível

em:https://www.cancer.org/cancer/types/acute-myeloid-leukemia/about/key-statistics.html. Acesso em: 09/11/2023.

Idealização e realização:

 

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