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Internações na oncologia pediátrica no SUS entre 2022 e 2024

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Introdução

O câncer pediátrico representa cerca de 3% dos casos de câncer em comparação aos adultos. No Brasil, é a principal causa de morte entre 0 e 19 anos, com 7.930 casos anuais estimados. Quando tratado precocemente em centros especializados, há 80% de chance de cura. Na oncopediatria é imprescindível o cuidado integral, com foco na humanização do tratamento e no acesso equitativo.

 

Objetivos

O objetivo deste estudo foi descrever as internações infantojuvenis (0-19 anos) no Brasil no triênio 2022-2024, quanto à quantidade de procedimentos realizados, custos envolvidos, distribuição geográfica, tipo de tratamento e estadiamento da neoplasia.

 

Metodologia

Foram coletados dados secundários para todos os casos de neoplasia no período de 2022 a 2024 para pessoas de 0 a 19 anos, da base pública do Sistema de Informação Hospitalar (SIH) do Ministério da Saúde e Registro Hospitalar de Câncer do INCA.

 

Resultados

Entre 2022 e 2024, foram registradas 156.242 internações, envolvendo mais de 36 mil pacientes estimados. A média de idade foi de 9 anos, sendo que 54% tinham entre 0 e 9 anos. Em relação ao perfil sociodemográfico, a maior parte dos pacientes era da cor/raça parda (56%) e do sexo masculino (56%). Além disso, 29% precisaram se deslocar para outra MRS para conseguir realizar a internação.

Os tipos de câncer que mais demandaram internação foram a leucemia linfoide (33%), seguida pelas neoplasias de ossos e cartilagens (7%), neoplasia maligna de encéfalo (7%) e leucemia mieloide (6%).

A leucemia linfoide merece destaque: foram 8.110 pacientes que somaram 52.194 internações, com uma média de seis internações por paciente. A mortalidade nesse grupo foi de 9%, com média de idade de 8 anos e concentração de 38% dos casos entre 5 e 9 anos. Importante ressaltar que 96% receberam diagnóstico em até 30 dias, e o tratamento foi iniciado em até 60 dias na maioria dos casos.

De forma geral, 37% dos pacientes tiveram diagnóstico tardio, com média de quatro internações por paciente. No período, ocorreram 3.245 óbitos durante internações, representando uma mortalidade hospitalar de 9%. Entre os casos diagnosticados precocemente, 63% estavam em estadiamento inicial (0, 1 ou 2), sendo que a maioria encontrava-se em estadiamento 1 (41%).

Nas patologias que excluem leucemia linfoide aguda (LLA) e leucemia mieloide aguda (LMA), a média de tempo até o diagnóstico foi de 28 dias. Nesse grupo, 23% tiveram diagnóstico após 30 dias e o tempo médio até o início do tratamento foi de 45 dias, com 20% iniciando a terapia após 60 dias.

Considerações Finais

O câncer pediátrico continua sendo um grande desafio no seu cuidado, apresentando altas taxas de mortalidade hospitalar e estadiamento tardio em mais de um terço dos diagnósticos.

Diante desse cenário, reforça-se a necessidade de estratégias que priorizem o diagnóstico precoce, a ampliação do acesso aos serviços especializados e o fortalecimento de políticas públicas voltadas ao cuidado integral, fundamentais para reduzir a mortalidade e melhorar o prognóstico de crianças e adolescentes com câncer.



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