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Perfil sociodemográfico e fatores de risco para morte em hospitalizações de transplante de medula óssea

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Introdução: O transplante de medula óssea (TMO) é um tratamento utilizado para doenças que afetam as células sanguíneas. Envolve a substituição da medula óssea doente por células saudáveis, que podem ser autólogas, utilizando células do próprio paciente, ou alogênicas, com células de um doador. É indicado para condições como anemia aplástica grave e diversos tipos de leucemia, servindo como complemento aos tratamentos convencionais em alguns casos de mieloma múltiplo e linfomas. No Brasil, aproximadamente três mil TMOs foram realizados em 2023. O objetivo deste resumo foi descrever o perfil sociodemográfico das hospitalizações para transplante de medula óssea no Brasil e avaliar possíveis fatores de risco para óbitos nessas internações.

Metodologia: Foi realizado um estudo transversal com dados públicos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/DATASUS) para procedimentos de TMO autólogo e alogênico no Brasil, entre 2019 e 2023. Realizou-se uma análise descritiva das variáveis selecionadas, além de análise bivariada para identificar associações. Adicionalmente, utilizou-se a regressão logística multivariada para avaliar o Odds Ratio de óbito de acordo com as variáveis escolhidas.

Resultados: Entre 2019 e 2023, ocorreram 12.809 hospitalizações para transplante de medula óssea (TMO) no Brasil. Dentro desse grupo, 3,1% dos pacientes faleceram (n=374). A maioria dos pacientes era de raça/cor branca (57,8%), do sexo masculino (56,8%) e com idade entre 40 e 59 anos (34,9%). A análise estatística revelou que raça/cor (p = 0,034), faixa etária (p = 0,017), tipo de procedimento realizado (p < 0,001) e tempo de internação (p < 0,001) estavam significativamente associados ao desfecho da hospitalização. No entanto, não houve significância estatística para a variável sexo (p = 0,632). Nas análises de regressão logística multivariada, os resultados demonstraram que indivíduos com 60 anos ou mais apresentaram maiores chances de óbito (OR 1,8; IC 1,25 – 2,60), assim como pacientes com internações inferiores a 15 dias (OR 3,15; IC 1,73 – 5,71). Além disso, TMOs alogênicos relacionados (OR 6,23; IC 4,59 – 8,46) e não relacionados (OR 8,34; IC 5,72 – 12,20) também mostraram maiores chances de óbito decorrente da intervenção.

Conclusão: Esses resultados indicam que os TMOs impactam fortemente a vida dos pacientes submetidos ao procedimento, felizmente com baixos percentuais de óbitos. Além disso, é importante destacar que uma parcela significativa das hospitalizações apresentou longos tempos de internação, com mais de duas semanas, predominantemente observados em crianças de até nove anos, o que representa desafios adicionais para as estruturas hospitalares e instituições que realizam TMOs.

 

 

*Resumo originalmente publicado pelos Anais do Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea em 2024.



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